Foto: Jefferson Peixoto/Secom PMS
Reportagem: Ana Virgínia Vilalva e Camila Vieira/Secom PMS
Com o objetivo de fomentar a inclusão e o acesso de pessoas com deficiência visual à cultura, informação e ao turismo, a Prefeitura deu início, nesta terça-feira (6), ao Curso de Formação em Audiodescrição. A aula de abertura foi realizada para 30 servidores municipais e trabalhadores da cultura em Salvador, incluindo professores, guias turísticos, jornalistas, gestores de redes sociais, entre outros profissionais.
Mais uma aula inaugural será realizada, nesta terça-feira (7), para outros 100 inscritos. Com carga horária total de 40 horas, os ensinamentos teóricos e práticos seguem até o dia 8 de julho, sempre às terças-feiras, das 9h às 12h, na sede da Fundação Gregório de Mattos (FGM), na Barroquinha. Ao final da formação, os 130 participantes serão certificados.
O curso é promovido pela Diretoria da Pessoa com Deficiência da Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) em parceria com a FGM. “A audiodescrição é um recurso de acessibilidade comunicacional que transforma as imagens em palavras. Se todos sabem usar essa forma de comunicação, vamos garantir que todo mundo tenha seu direito à cultura e ao lazer garantido”, declarou a diretora da Pessoa com Deficiência da Sempre, Daiane Pina.
Responsável pela aula de abertura, o professor do curso Alan Gandarella chamou a atenção para ampliação do curso a todos os profissionais que trabalham na oferta de serviços relacionados à cultura em Salvador. “É importante que todos os envolvidos, coordenadores, atendentes, auxiliares e profissionais de uma forma geral estejam incluídos no processo de aprendizado da descrição, pois todos nós temos responsabilidade com todo e qualquer tipo de pessoa que busca a cultura na nossa cidade. Como capital do turismo, temos que garantir o acesso de todo mundo, sejam cegos, pessoas com baixa visão, autistas, pessoas com TDAH ou qualquer indivíduo atípico”, explicou o docente.
Para o titular da Sempre, Júnior Magalhães, a nova ferramenta, que envolve novo público, é de extrema importância para fortalecer as políticas de inclusão na cidade. “Nossos cursos já são reconhecidos como um recurso de acessibilidade comunicacional que aumenta a compreensão de pessoas com deficiência visual, englobando e ampliando a acessibilidade para o entendimento de pessoas com deficiência intelectual e facilitando a interação entre os nossos servidores e o público com deficiência. Agora, de forma pioneira, se expande para a área da Cultura e Turismo, com o intuito de colaborar cada vez mais com a construção de uma sociedade inclusiva”, frisou.
A gestora do Espaço Cultural Boca de Brasa Centro, Carina Barreto, destacou a importância de desenvolver ações que possam garantir acessibilidade e inclusão da pessoa com deficiência aos espaços culturais de Salvador. “Esse curso é fundamental para assegurar que todos os servidores da área cultural possam, de fato, garantir a participação do cidadão em todas as nossas atividades e, mais que isso, para que todos se sintam abraçados em nossos espaços culturais”, disse.
A gestora lembrou que o aprendizado é muito amplo e reforça que a audiodescrição é um recurso de acessibilidade que permite que pessoas cegas, com baixa visão e outros transtornos, a exemplo do TDAH, tenham acesso às informações ao seu redor. “O curso visa a preparação dos nossos servidores e também dos demais trabalhadores que vivem da cultura em nossa cidade”, completou.
Turismo – Preocupada em oferecer serviços a todo e qualquer turista que chegue à capital baiana, a guia de turismo Luciana Souza, 52 anos, fez questão de se inscrever na formação. “Acessibilidade é o caminho para a inclusão, então é importante estarmos prontos para garantir que todos os visitantes tenham acesso aos mesmos espaços e aos mesmos produtos culturais disponíveis em nossa cidade. Como guias, precisamos ter o domínio de todas as formas de comunicação. São essas ferramentas que nos ajudam no conhecimento para poder oferecer um serviço melhor ao turista que escolhe Salvador”, afirmou.
Daiane lembrou ainda que a estrutura física dos equipamentos culturais municipais já possui placas de leitura em Braille, piso tátil, rampas de acessibilidade e corrimãos. “Agora estamos qualificando os servidores. Nossa gestão quer aprender mais e mais sobre como melhor cuidar das pessoas com deficiência”, apontou.
Vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Comped), o radialista e avaliador do curso Everaldo Neves, 47 anos, elogiou a iniciativa. “É uma grande sacada da Prefeitura qualificar a capacitar os profissionais da cultura. Muitas pessoas cegas e com baixa visão não consomem cultura exatamente em função da dificuldade de identificar o que está ao seu redor. Tenho ficado muito feliz porque tenho acompanhado o crescimento de ações como essa. As pessoas estão se capacitando e, assim, permitindo que as pessoas cegas e com baixa visão tenham acesso a todos os espaços”, pontuou.
Programação – Finalizadas as aulas teóricas, os participantes do curso irão visitar equipamentos e espaços culturais como a Casa das Histórias, a Galeria Mercado, a Casa do Carnaval, o Espaço Cultural da Barroquinha, o Cine Glauber Rocha e a Praça Castro Alves. Durante o tour pelos equipamentos e pontos turísticos de Salvador, os alunos terão a oportunidade de praticar a audiodescrição, descrevendo em tempo real o ambiente para pessoas cegas ou com baixa visão.
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