Fotos: Lucas Moura/Secom PMS
Reportagem: Priscila Machado/Secom PMS
Laura, Adelaide, Mara, Cristiane e Soraia. Personagens que têm em comum a marca da violência de gênero em suas vidas, mas que reflorescem ao buscar acolhimento e superação com outras mulheres e também com órgãos e entidades de apoio. As histórias são interpretadas pelas atrizes Alethea Novaes, Dione Barreto, Ana Clara Veras, Nanda Lisboa e Sabrina Bispo no espetáculo “Reflorescer Mulher”, que aborda a violência contra a mulher no contexto doméstico e familiar.
A iniciativa da Secretaria de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), em parceria com a Fundação Gregório de Mattos (FGM) e a Secretaria Municipal de Gestão (Semge), busca dialogar com as mulheres por meio da arte, propondo não apenas uma reflexão profunda sobre a realidade enfrentada por milhares de mulheres no Brasil, mas também os caminhos possíveis para a denúncia, o acolhimento e a superação.
A estreia da peça ocorreu na tarde desta quinta-feira (10), no Teatro Gregório de Mattos, no Centro, e contou com a presença da titular da SPMJ, Fernanda Lordêlo; da diretora de Política para Mulheres da pasta, Fernanda Cerqueira; do presidente da FGM, Fernando Guerreiro; e da subsecretária da Semge, Rafaella Pondé.
“Eu estou bastante emocionada com a peça, porque nós já imaginávamos que o objetivo era falar de todos os tipos de violência e o que nós percebemos aqui foi o pulsar vivo da forma como essa violência ocorre dentro da casa de cada mulher. Eu acredito que todas nesse espaço aqui em algum momento da vida já passaram por algum tipo de violência pelo fato de ser mulher e é algo que nos traz uma reflexão sobre o quão importante é falar sobre essa temática de alta relevância”, contou Fernanda Lordêlo.
Identificação com a realidade – De acordo com a titular da SMPJ, a peça traz para a mulher a identificação no palco de uma realidade que ela pode ter vivido ou vivenciado e, dentro dessa perspectiva, faz com que as mulheres ouçam que existem no município serviços que podem acolhê-las e direcioná-las também para um acompanhamento psicossocial.
Para a diretora de Política para Mulheres, Fernanda Cerqueira, foi uma grande alegria, por meio da SPMJ e da DPM, ter contribuído com a construção lançada nesta quinta-feira. “Fiquei emocionada com a peça e ao mesmo tempo muito alegre em poder trazer também através do teatro a reflexão, que é importante para que as pessoas, por meio de diversos veículos, tenham informação e se sensibilizem, principalmente em relação à causa, porque a violência contra a mulher é um problema real da sociedade e nós temos que usar todos os mecanismos necessários para a erradicação dessa forma de violência. ‘Reflorescer Mulher’ já lançou a sua semente e merece estar em todos os cantos da cidade, porque Salvador merece ser uma cidade sem violência contra a mulher”.
A estreia de “Reflorescer Mulher” foi assistida por servidores e funcionários da Prefeitura, especialmente mulheres. Ficou a cargo da Semge, a organização dos convidados. “Essa é uma peça que mostra muito realismo, que mostra situações que realmente acontecem e quando você se coloca no lugar de uma pessoa que passa por esse tipo de situação, não há como se emocionar. A violência não deveria efetivamente existir, então a gente se emociona muito, mas também sabe que a mulher tem uma força que torna possível virar a chave. É isso que as mulheres precisam saber e momentos como esse de reflexão, de diálogo e de divisão são muito importantes, porque às vezes do outro lado há alguém que está passando por aquilo e vendo que existem possibilidades, se encoraja para criar um novo rumo”, opinou Rafaella Pondé.
Já a parceria da FGM foi fundamental para as orientações artístico-culturais e disponibilização do espaço para a encenação. “É muito importante quando o teatro consegue estar regulado a uma causa, que é esse o caso, pois falamos aqui de um tema importantíssimo, que é a questão da violência contra a mulher. É uma parceria que a gente faz com a SPMJ e a Semge para, através desse espetáculo, comunicar e levantar essas questões sobre os diversos tipos de violência contra a mulher. Então, eu tenho uma expectativa muito positiva de que esse espetáculo possa gerar desdobramentos, discussões, debates e ser apresentado outras e outras vezes”, opinou Guerreiro.
Novas apresentações – ”Reflorescer Mulher” conta com mais duas apresentações gratuitas, no Teatro Gregório de Mattos, nesta sexta-feira (11), uma às 15h e outra às 17h. A montagem tem direção de Marcelo Flores, dramaturgia de Claudia Barral e argumento original e atuação de Alethea Novaes.
No elenco, estão as atrizes convidadas Ana Clara Veras (Mara), Dionne Barreto (Adelaide), Nanda Lisboa (Cristiane) e Sabrina Bispo (Soraia), além dos atores Tiago Querino (Armando e Fabiano) e Marcelo Flores (Roberto). O cenário, concebido por Marcelo conta com elementos visuais criados pela artista Célia Peixoto e iluminação de Otávio Correia.
Cada situação dramática representa um aspecto da violência familiar, seja ela física, psicológica, patrimonial, sexual e moral. “Fomos convidados pela instituição e eu achei muito oportuno, fiquei feliz com o convite. Eu tinha feito uma peça há alguns anos atrás, com texto de Lygia Fagundes Telles, que fala sobre o feminicídio e eu vi a resposta e a inquietação das pessoas com o tema. A gente acompanha todos os dias as notícias, então eu achei muito importante e oportuno poder discutir, alertar e conscientizar e também trazer certa orientação e valorização da autoestima. Nós nos dedicamos, pesquisamos e esperamos que através do teatro possamos contribuir”, ressaltou Alethea Novaes.
Funcionária da Prefeitura-Bairro Centro-Brotas, Rosemeire Oliveira, 54 anos, se viu retratada em algumas das cenas. “Eu me retratei ali em cada uma daquelas mulheres, porque eu vivi violência doméstica e, assim como elas, eu também floresci, então essa peça retrata situações pelas quais muitas mulheres passam e das quais, muitas vezes, não conseguem se libertar, porque não têm uma rede de apoio, não têm coragem, têm medo. Essa peça nos dá força para renascer, florescer e tomar a decisão certa e ser livre, pois nós somos livres, podemos ser o que quisermos”, declarou.