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Igaporã mobiliza comunidade e devolve animais silvestres à natureza | SECOM

Jabutis, canários da terra, pássaro sofrer e outros animais silvestres foram entregues voluntariamente por moradores de Igaporã, no Centro-Sul da Bahia, nesta sexta-feira (22). A ação, que encerrou a campanha de educação ambiental promovida pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) em parceria com a Prefeitura, transformou a Praça da Igreja Matriz em ponto de mobilização pela preservação da fauna silvestre.

Os animais recolhidos foram encaminhados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), órgão vinculado ao Inema, onde passam por avaliação clínica e tratamento antes de retornarem ao ambiente natural. Para a médica veterinária que acompanhou a mobilização, a entrega voluntária representa não apenas a proteção da biodiversidade, mas também um cuidado direto com a saúde da população.

A criação de animais silvestres em ambiente doméstico pode colocar em risco a saúde humana. Joseana Lima, explica que as aves podem transmitir clamidiose, capaz de causar pneumonia atípica, enquanto répteis estão associados à salmonelose. Ela também alerta que o consumo da carne desses animais pode provocar doenças graves, como hanseníase e doença de Chagas, tanto pelo manuseio quanto pelo preparo inadequado.

“Além do risco à população, a prática compromete diretamente a vida dos animais. Em cativeiro, eles raramente recebem a alimentação e o ambiente adequados, o que resulta em obesidade, problemas hepáticos, baixa imunidade e expectativa de vida reduzida. Na natureza, um papagaio não se alimenta de girassol ou amendoim. Essa dieta pobre em nutrientes faz com que eles vivam menos e deixem de cumprir seu papel ecológico”, destaca a veterinária do Inema.

Sensibilização ambiental
A campanha de Entrega Voluntária de Animais Silvestres mobilizou escolas, rádios e comunidades durante toda a semana, com palestras, rodas de conversa e exibição de materiais educativos que alertaram sobre o papel ecológico de cada espécie e os riscos da caça e do tráfico de animais.
Segundo a bióloga do Inema, Rosane Barreto, o encerramento reforça que a mudança de mentalidade é o maior resultado alcançado. “Mais importante que o número de animais entregues é perceber o envolvimento das pessoas. Quando uma criança entende que um pássaro deve viver livre e não em uma gaiola, já estamos garantindo um futuro mais equilibrado para a nossa fauna”, afirmou.

Para quem ainda possui animais silvestres ou quiser denunciar casos de tráfico, Rosane orienta que entre em contato com a Prefeitura de Igaporã, que acionará a unidade regional do Inema mais próxima para encaminhar os animais ao Cetas e reintegrá-los à natureza.

Ação conjunta
A parceria entre a prefeitura de Igaporã e o Inema nasceu de uma constatação simples: ainda é comum encontrar pássaros em gaiolas pelas praças e espaços públicos da cidade. O diretor de Meio Ambiente, Matheus Augusto, conta que a situação chamou atenção. “Vimos que precisávamos fazer alguma coisa. Não adianta só fiscalizar, tem que educar também”, explicou Matheus.

A solução encontrada foi formar um grupo de trabalho que envolvesse diferentes pessoas da comunidade para levar a conversa sobre preservação para mais perto das famílias. O diretor admite que mudar hábitos antigos não é tarefa fácil, mas vê progresso com a parceria com o Inema. “Conseguimos orientar a comunidade e mostrar por que é importante deixar os animais silvestres livres na natureza”, afirmou.

Fonte: Ascom/Inema